Para onde caminhamos na Educação?

José Manuel Moran* nos alerta para o fato de que as tecnologias começam separadas e caminham na direção da convergência, da integração, dos equipamentos multifuncionais que agregam valor. Não basta ter um celular que sirva somente para fazer ligações telefônicas. Ele precisa ter, no mínimo, câmera digital e acesso à internet! Isso sem falar nos acesso a rádio, TV e outros serviços, tudo na palma da sua mão, onde quer que você esteja!

Se estas tecnologias, convergentes e combinadas, modificam profundamente todas as dimensões da nossa vida, a Educação não pode ficar alheia a toda esta evolução!

Com o advento da internet e a propagação ilimitada de informações, a Escola deixou de ser a única fonte de conhecimento formal; a possibilidade de realizar atividades ou tarefas sem necessariamente ir a uma determinada Escola vem quebrar as barreiras da territorialidade e da temporalidade, possibilitando que alunos de diversas localidades possam, a qualquer tempo, acessar conteúdos e realizar atividades, sem deixar de interagir – virtualmente – com seus colegas e professores.

De acordo com este autor, as redes estão começando a provocar mudanças profundas na educação presencial e à distância. Na presencial, desenraizam o conceito de ensino-aprendizagem localizado e temporário. Podemos aprender desde vários lugares, ao mesmo tempo, on e off line, juntos e separados. Como nos bancos, temos nossa agência (escola) que é nosso ponto de referência; só que agora não precisamos ir até lá o tempo todo para poder aprender. As redes também estão provocando mudanças profundas na educação à distância. Antes a EAD era uma atividade muito solitária e exigia muita auto-disciplina. Agora, com as redes, a EAD continua como uma atividade individual, combinada com a possibilidade de comunicação instantânea, de criar grupos de aprendizagem, integrando a aprendizagem pessoal com a grupal.A educação presencial está incorporando tecnologias, funções, atividades que eram típicas da educação à distância, e a EAD está descobrindo que pode ensinar de forma menos individualista, mantendo um equilíbrio entre a flexibilidade e a interação.

Neste contexto, a educação está passando por um momento de questionamentos e transformação. De acordo com Moran, será mais complexa porque cada vez sai mais do espaço físico da sala de aula para ocupar muitos espaços presenciais, virtuais e profissionais; porque sai da figura do professor como centro da informação para incorporar novos papéis como os de mediador, de facilitador, de gestor, de mobilizador. Sai do aluno individual para incorporar o conceito de aprendizagem colaborativa, de que aprendemos também juntos, de que participamos de e contribuímos para uma inteligência cada vez mais coletiva.

Sabemos que o custo referente ao acesso a estas tecnologias ainda é muito alto para a maior parte da população, porém, isso não justifica o fato de muitos educadores não buscarem atualizar-se no uso destes novos recursos educacionais. De nada adiante ter computadores na Escola se destes não for feito uso adequado e produtivo!

A resistência às mudanças sempre existiu e continuará a existir. Os modelos de ensino centrados no professor continuam predominando, apesar das tecnologias e dos avanços teóricos na aprendizagem. Restará, a cada um de nós, lutar para que não se reproduza no ensino virtual a centralização no conteúdo e no professor que acontece no ensino presencial.


* Integrante do Fórum de Líderes Educacionais da Microsoft; professor aposentado de Novas Tecnologias da Universidade de São Paulo; avaliador de cursos à distância pelo Ministério da Educação e coordenador acadêmico da Faculdade Sumaré de São Paulo.

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